“O poeta é ao mesmo tempo feito de ameaça e de promessa. A inquietação que ele inspira aos opressores apazigua e consola os oprimidos. É a glória do poeta pôr um travesseiro ruim na cama de púrpura dos carrascos. É muitas vezes graças a ele que o tirano desperta dizendo: Dormi mal. Todas as escravidões, opressões, dores, infortúnios, aflições, todas as fomes e sedes têm direito ao poeta; ele tem um credor, o gênero humano. // Que o poeta esteja fora do homem por um lado, pelas asas, pelo vôo imenso, pela brusca desaparição nas profundezas, tudo bem, isso deve ser, mas com a condição de seu ressurgimento. Que ele parta, mas que retorne. Que tenha asas para o infinito, mas que tenha os pés no chão, e que depois de tê-lo visto voar, nós o vejamos andar. Que depois de tê-lo visto arcanjo, nós o reencontremos irmão. Que a estrela que está nesse olho verta uma lágrima, e que essa lágrima seja a lágrima humana. // Mostra-me teu pé, gênio, e vejamos se tens como eu no calcanhar a poeira terrestre…” [VICTOR HUGO]
Publicado em: 13/03/11
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
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